quarta-feira, novembro 20, 2013

206. "TRÁS-OS-MONTES" - Notícia de José Vieira Marques

[Festival de Cinema de Mannheim 77] 

Novo cinema português consagrado na Alemanha

Financiado quase exclusivamente pela municipalidade local e por alguns particulares com posses, o Festival de Cinema de Mannheim deve a esse facto a justa fama de independência e de isenção (em relação apressões económicas ou políticas) de que goza. Pretendemos que o Festival de Mannheim continue a ser uma tribuna de promoção para o filme político e de crítica social, foram as palavras com que publicamente um dos adjuntos principais do Burgomestre local se referia àquela independência e isenção, afirmação que ganha tanto maior significado quanto foi proferida durante os dias em que o pavor colectivo causado pelo desvio do avião da carreira Palma de Maiorca-Frankfurt trazia não poucos militantes progressistas oeste-alemães "de credo na boca".
(...)
Um  extraordinário interesse, fortemente apoiado e promovido pela direcção do Festival, acolheu os filmes portugueses "Que farei com esta espada", de João César Monteiro, "Os Demónios de Alcácer Kibir", de José Fonseca e Costa, "Jaime", de António Reis, e "Trás-os-Montes", de Margarida Martins Cordeiro e António Reis. De "Trás-os-Montes" que viria a partilhar o Grande Prémio do Festival com o filme soviético "Chamam-me de longe"  tanto o público como a crítica alemã, que nos foi dado ler, celebraram especialmente o realismo poético através do qual os autores dão a conhecer aquela província, o seu povo e as suas tradições.
(...)

José Vieira Marques

Jornal Expresso, Revista, p. 19-R, 29 de Outubro de 1977.