sexta-feira, novembro 08, 2013

203. NÃO DURMO AINDA

Não durmo ainda

Só na cama
o tempo
ainda é meu

como a palavra

Discretamente
me agito
no colchão

Não penso em Deus
na morte

Imprimo
Aqueço-me
Escuto

conservo a posição

A Elsa dorme 

Só na cama
o tempo ainda é dela

como um fruto

António Reis - Novos Poemas Quotidianos, pág. 43, Porto, [1959].